A dermatite atópica, também conhecida como alergia ambiental, é uma condição genética que afeta cães, causando coceira e inflamação crônica na pele. Esta condição é considerada incurável e ocorre devido a uma barreira cutânea deficiente, que permite a entrada de diversos alérgenos como ácaros, pólen, fungos e bactérias, desencadeando uma resposta inflamatória intensa.
Recentemente, surgiram investigações promissoras sobre o uso de células-tronco mesenquimais no tratamento de cães com dermatite atópica. Essas células são obtidas do tecido adiposo de animais saudáveis, geralmente durante cirurgias de castração eletiva, e possuem características especiais que as tornam ideais para terapias veterinárias.
As células-tronco mesenquimais são células indiferenciadas que têm a capacidade de se multiplicar e se diferenciar em diversos tipos celulares. Além disso, elas possuem propriedades anti-inflamatórias e imunossupressoras significativas, o que as torna eficazes no tratamento de doenças inflamatórias e imunomediadas.
Estudos preliminares, tanto em humanos quanto em cães, indicam que as células-tronco podem proporcionar melhorias clínicas significativas na dermatite atópica. Elas atuam reduzindo a resposta inflamatória da pele, diminuindo a ação dos linfócitos B e a produção de imunoglobulinas IgE, bem como a degranulação de mastócitos e a produção de citocinas pró-inflamatórias como IL6 e PGE2. Ao mesmo tempo, aumentam a produção de citocinas anti-inflamatórias como IL10 e TGF-beta.
Em termos de segurança, os efeitos colaterais associados à terapia com células-tronco são raros, embora cães com dermatite atópica devam ser cuidadosamente monitorados devido à possibilidade de reações adversas como apatia, hipotensão e, ocasionalmente, reações anafiláticas. O tratamento envolve várias aplicações sistêmicas por via endovenosa, geralmente realizadas em intervalos de 21 a 30 dias. Recomenda-se de três a quatro aplicações para avaliar a resposta do animal, podendo alguns casos necessitar de tratamentos adicionais.
Embora cada animal possa responder de maneira diferente, alguns podem experimentar uma melhoria prolongada por períodos de até três anos sem necessidade de novas aplicações ou outros tratamentos. No entanto, a eficácia do tratamento com células-tronco pode variar, sendo fundamental um acompanhamento próximo para ajustar o protocolo conforme necessário.
Em resumo, o uso de células-tronco mesenquimais mostra-se promissor como uma opção terapêutica inovadora para cães com dermatite atópica, oferecendo uma abordagem menos invasiva e com potencial para melhorar significativamente a qualidade de vida desses animais.